Mundo Surreal

sexta-feira, 1 de março de 2013

Papel de Barco de Papel

- Você é um babaca.
Fechou a porta. Engraçado, era a terceira vez que ouvia a mesma frase, sempre de uma pessoa diferente. Era mesmo um babaca? Era.

O perfume ainda jazia no lençol. Lá fora a lua cobria de luz as copas das árvores, gerando uma sombra estranha para aquela hora da noite. E naquela estranha claridade ela desapareceu. Sabia que não voltaria, esperava por isso, contava com isso. Ela lhe dera um título que ele próprio vinha tentando se impor, portanto, a nova atribuição lhe caía como uma espécie de ratificação. Seria um babaca para sempre, ele sabia, isso lhe doía, só não era mais que o necessário, não era mais do que podia carregar. E esse papel era a sua cota de malha e sua bossa de ferro em um imenso escudo de carvalho e medo.
E ela queria lhe despir disso, imagine! Como assim, sem nada? nenhuma proteção? Há uma batalha lá fora. Como se recusasse a abandonar essa "comodidade", ela o taxou. Ah, muito mais fácil! Agora poderá seguir seu caminho, devagar, carvalho em uma mão, ponta na outra. Quem ousar tocá-lo será transpassado! Esse é o seu papel, seguirá belamente.

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