Biscuit

Com um palitinho, moldo seus olhos. Olhos que serão assim mesmo como na realidade: grandes, como de um mangá. Aquela bolinha, que outrora girava entre a palma das mãos, agora toma forma quando aperto de leve as maçãs do rosto. Se importa se eu dispensar as orelhas? Vamos fazer de conta que o cabelo as está escondendo. Isso, assim está bom. Tem que ficar meio caído nos olhos, que é como você usava, como me lembro de, vez ou outra, tirá-los da frente por pensar que você não podia enxergar direito. Para a boca, só uma leve pressão com a ponta do palito, para parecer que está com aquele seu meio sorriso tão típico.

O que acha? Não me parece mal. Vamos para o corpo? Vai ser pequeno em relação à cabeça, sabe, como aqueles bonequinhos que ficam nas estantes das casas. Bem, você estará usando aquele moleton preto, com a camisa vermelha dos Beatles por cima, ok? Lembra como você gostava dela. Braços para trás, com as mãos dadas. Quero lembrar de você exatamente com esse seu jeitinho tímido e meigo. Jeans e All Star preto para terminar.

Pronto! Minha obra-prima. Agora, prometa-me uma coisa. Prometa que estará sempre lá quando eu precisar. Prometa que ficará para sempre desse mesmo jeito, como permanece na minha memória e que agora é representada materialmente. Prometa que nada, absolutamente nada irá mudar entra a gente. Isso, obrigado. Agora deixe-me trabalhar nesses cadarços.