Mundo Surreal

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Velhos Vitrais



Por velhos vitrais eu os vejo. Por entre lembranças acordo, e as visitas à caixa de fotografias tornaram-se frequentes. É tudo uma questão de ouvir a música certa e pronto! Cada retrato é misturado a uma ilusão, pois já não sei o que é verdade e o que não é, o quanto o tempo me mudou. O que o tempo me tornou?

Lembro-me perfeitamente de acordar cedo, como o cheiro do café ainda no coador. Lembro-me de ir de chinelos até a padaria e de sempre voltar com uma paçoquinha, que deveria ser comida depressa, antes que os irmãos percebessem a regalia. E depois comer o pão quentinho com margarina e doce de leite. A simples companhia do jantar em família, quando ainda não existiam tantos medos em minha alma. Tudo era mais fácil.

E mesmo que a aparência mude, as vontades e saudades permanecerão. Um alguém frio e sem jeito, diferente do que costumava ser, do que deveria ser. E quanto mais o tempo escorre, mais as suas marcas perfuram a pele, até o ponto em que não é mais possível cicatrizar. Velhos vitrais exigem água limpa, algo que não sei onde conseguir, não sei sequer se quero procurar. Já não sou o mesmo homem que um dia você conheceu.

Um comentário:

  1. Mas você sempre terá em ti o menino que ia à padaria de chinelos, que comprava regalias, que jantava a noite com a companhia da famílias. Certos traços nunca se apagam, e fazem parte de nosso ser... Foram os traços que fizeram de você o homem que é hoje. E o Helder que amo! :)

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