Mundo Surreal

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Enquanto Houver Motivo IV.

Foi em uma dessas noites em que fazia um friozinho típico que ela me contou sobre aquilo que me fez acordar de outra dimensão e perceber sua presença. Há tempos ela reparava em mim. Aquele olhar me consumia e eu não percebia, me guiava e eu me perdia. O conforto de se ter alguém é uma sensação quase que sobrenatural. Aquele olhar, bem como muitos outros que Sofia me lançava era confortante. Um tanto quanto obsceno, embora seu semblante jamais a traísse. Permanecia a inocência simples e perfeita, a beleza ingênua de um olhar tão casual quanto possessivo.

E Sofia era incrivelmente indecifrável. Na época eu achava que sabia tudo sobre ela. Mas em toda mulher há um potencial enorme de expandir sua Capitu interior e surpreender mesmo depois de anos de reclusão emocional.

A verdade é que me afastei de Sofia. E o fiz pelo simples fato de não me importar com ela. Ou achava que não me importava. Lógico que não disse isso a ela. Disse apenas que não tinha mais tempo. Não me lembro direito, talvez tenha dito que ela não me atraía mais, que havia outra pessoa, que foi coisa de momento. Talvez nem tenha dito realmente alguma coisa. Mas ela me ouviu pacientemente buscar as palavras que insistiam em se esconder.

E foi assim que acabou. Toquei a alma de Sofia e deveria te-la deixado tocar a minha no momento em que nos conhecemos. Pessoas podem até amar sozinhas, mas nunca serão completas sem a presença daquela que detém a chave da sua vida, das suas ações e sobretudo dos seus pensamentos. Sofia me amava e eu não soube apreciar algo tão raro, tão lindo e tão perigoso. No caderno da minha vida o destino riscou um traço vermelho, não no exato momento da despedida, mas como uma doença que se manifesta depois de anos encubada a saudade me alcançou e me perseguiu até que admiti que era a falta de Sofia que me fazia sofrer.

Nunca mais soube dela. Talvez tenha se casado, talvez tenha saído do país para estudar. Mas as vezes penso sentir aquele olhar, aquele desejo e penso te-la visto no rosto de outra pessoa. Sofia me amou, eu a fiz sofrer.

3 comentários:

  1. "Pessoas podem até amar sozinhas, mas nunca serão completas sem a presença daquela que detém a chave da sua vida, das suas ações e sobretudo dos seus pensamentos."..."Sofia me amou, eu a fiz sofrer." MUUUUUITO bom! amei, serio! Principalmente estas partes :)

    ResponderExcluir
  2. Obrigado! Gosto de colocar um pouco do que penso nas postagens. Fico feliz com sua visita. Apareça sempre que quiser ;D

    ResponderExcluir