Coisas que o vento traz I.

Isso já faz muito, muito tempo. Tanto tempo que nem me lembro direito os detalhes. Só lembro que era noite e talvez chovesse. Estávamos em um campeonato de vôlei, minha paixão na época e eu estava descontraído conversando com meus amigos. Discutíamos as chances de cada time ser campeão e sobre quem seria o atleta destaque daquele ano. A Poli achava que seria o atacante do time favorito, eu apostava no levantador. E assim, seria apenas mais uma noite normal, se não fosse por um breve instante. Pela porta escancarada do ginásio entrava o vento, e com ele veio Bianca. Bia, como passei a chama-la depois, mas vou contar a história do começo, para que o leitor não fique perdido. Não que seja uma história difícil, cheia de rasgos e remendos. Na verdade é bem curta, mas carregada lembranças. Quando ela entrou eu nem sabia seu nome, muito menos que era com ela que eu sonharia durante muitas noites.

Ela entrava, e não vou dizer que foi amor à primeira vista, porque não foi. Apenas a vi entrando e percebi que era bonita, mas o lugar estava repleto de garotas bonitas. A surpresa aconteceu quando ela veio em nossa direção e cumprimentou um amigo meu. A essa altura meu olho cresceu. Mas era apenas um mero interesse e eu estava entretido demais nas objeções, já que agora o jogo principal estava para começar e a discussão havia ganhado nova força. Por fim, ela levantou-se, despediu-se apenas do meu amigo e foi embora. Fiquei olhando-a sair e depois quis saber o nome daquela garota.

Foi exatamente quando começaram meus problemas.