Mundo Surreal

sábado, 23 de julho de 2011

A Notícia



Sentado na sala vip da empresa, olhos cansados da dieta de sonhos. A bagagem - uma simples bolsa de mão - figurava ao lado, acusando a longa jornada que empreendera. Levava pouco, só o essencial. O relógio da parede tiquetaqueava uma da madrugada. A cidade era desconhecida; apenas um dos muitos pontos de parada. Eram quase dois mil quilômetros! Maldita greve dos controladores. Deveriam demitir todos! Puxou para perto a bolsa, e fez emergir de um compartimento um pouco mais acessível um exemplar de Lucíola. Seria possível ler com todo aquele sono? Começou mesmo assim.

Como estaria a sua Lúcia? Quase uma semana sem vê-la e agora cansado demais para dar-lhe a devida atenção. Ainda meia hora para recomeçar a viagem. Entra um velho carregando uma bolsa enorme e senta-se a duas cadeiras e um assunto de distância. Os cabelos muito brancos gritavam a todos os quatro temporários habitantes da sala que era profundo conhecedor das desventuras da vida. Colocou o óculos, tirou um livro da mala austera, abriu-o no finzinho. Reparou que também era a sua Lúcia. Quatro páginas depois, fechou.
"Ah, morta enfim. Pobre Lúcia!" em voz baixa.
Velho idiota! Como poderia? Ela jamais morrerá.

Um comentário:

  1. 'Sentado na sala vip da empresa, olhos cansados da dieta de sonhos.' Isso me significou tanto!
    Ficou linda a história, anjinho! :)

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