Nosso Pequeno Castelo

O acaso nos atirou um contra o outro. Este deve ser o sétimo ou oitavo texto que escrevo pensando nela; ela, minha eterna musa. As palavras nos uniram, a literatura nos soldou, o amor perfumou e a amizade floriu em nossa cabeças, como nos antigos casamentos. Escrevemos juntos, selamos a nossa união.

O fato é que um dia ela apareceu na minha vida. Uns gracejos de minha parte, muitas risadas da parte dela, uma combinação brilhante. Um telefonema se fez necessário (apesar de morarmos em estados diferentes, temos a mesma operadora de celular, o que é sempre uma vantagem), e depois deste primeiro vieram muitos outros, uma semana de cada um com a responsabilidade de não atrasar além de dois dias do prazo. Depois começaram as brincadeiras: ela virou para mim um "jilozinho", enquanto eu era um "vegetal" para ela, depois nos tornamos "bailarina" e "personagem". Trocamos bandas, gostos, histórias, conversas, sugestões, pedaços de nossos corações, tudo.

Mas eis que se fazia a necessidade do encontro. Ora, apenas a webcam não proporcionava o contato que carecíamos. Viajei trezentos quilômetros para encontrá-la na casa de sua avó em uma cidadezinha que eu não conhecia. Ficamos dois dias juntos e quanto mais conversávamos, mais queríamos conversar. Na hora da partida trocamos promessas: que nos veríamos novamente e que dessa vez ela me visitaria.

Depois disso ficamos um tempo sem conversar. As responsabilidades nos encheram e nos apertaram para lados opostos de um imenso salão, criando obstáculos para nossas palavras e esgotanto nosso tempo. Apesar disso, ainda penso nela, e por isso estou escrevendo sobre nossa estadia na vida um do outro. E quanto a mim, só quero guardar a lembrança da nossa eterna amizade.